sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Moda

Bom, trabalho com moda e isso deveria fazer desta parte de texto mais fácil, certo? Errado. Ela é tão diversificada e possui tantas características peculiares, que se torna algo muito difícil. Vamos começar falando um pouquinho de mercado.
Todos sabem que a China tem se desenvolvido cada vez mais rápido e caminha para se tornar no próximo grande império cultural e econômico do mundo. Os chineses são criticados por serem os melhores alunos do capitalismo neoliberal. Produzem muito, barato e exportam para todo o lado.
Em relação à indústria têxtil, especificamente, a competitividade já incomoda há algum tempo e, agora vai incomodar ainda mais. O enorme investimento, humano e em recursos, que os chineses vêm fazendo nas novas tecnologias e na inovação é imenso. Já se foi a época em que se contentavam em fabricar panos baratos.
Hoje, a China, com a globalização e suas oportunidades de negócios à escala planetária, sua competitividade e sua produção intensiva e de baixo custo possui muito mais agressividade empresarial nos mercados.
Li esses últimos dias que, numa pesquisa realizada sobre mercado de vestuário entre trinta grandes países, em termos da dimensão, perspectivas de crescimento e riqueza de consumidores, a China ocupa o segundo lugar no inquérito (o primeiro ainda é do Japão) e o primeiro em vendas com um total de 93,5bilhões de dólares por ano!
O mercado chinês continua altamente fragmentado em cadeias retalhistas e tem-se observado um crescimento de cidades pequenas e independentes. Isso engloba, inclusive, a área rural, que agora vai tornar-se um grande cenário dessa guerra varejista.
As maiores concentrações estão em Xangai, cidade que vem crescido na área da moda e que afirmam entrar, em breve, na lista das 4 maiores capitais da moda do mundo. Os chineses separam a China de Hong Kong em tudo, já que ainda não voltou a ter a soberania da cidade. Pros chineses (de qualquer parte) viajarem pra Hong Kong, é preciso ter visto.
Ousarei, então, tomar posse dessas características e fazer a mesma divisão, até por que o comportamento de mercados nas duas regiões é bem diferente.
Na China, grande parte do aumento de vendas do vestuário se deve a um afluente da classe média emergente. Este grupo possui o hábito de comprar regularmente vestuário de baixo custo para uso diário e compra de uma a três peças de grandes marcas para ocasiões especiais. Preço continua a ser o critério mais importante nas decisões de compra, seguido de qualidade, marca, design e as compras de objetos de decoração.
Na cabeça desses consumidores e quase todos os outros, não basta comprar alguma coisa, porque é uma grande marca. Há uma procura crescente de individualidade e auto-expressão, bem como a otimização dos recursos. Você pode encontrar no armário de uma chinesa uma mala Louis Vuitton, mas também itens mais baratos como um jeans de marca desconhecida e um acessório de plástico, que também contribuem pra expressar sua individualidade.
Eu, particularmente, acho que este comportamento irá mudar muito em breve, para o que já usa ver em Honk Kong. O rápido desenvolvimento econômico levou a um grande aumento da classe média. Ela agora é estimada em 300 milhões de pessoas. Os milionários somam 340 mil. Isto torna o consumo a força motriz da economia chinesa à frente das exportações e dos investimentos e do consumo privado. As vendas, por exemplo, de vestuário e cosméticos é substancialmente mais elevado do que outros países.Em algumas das principais cidades da China, como Pequim, Guangzhou e Xangai, a demanda por artigos de luxo está aumentando. Em Hong Kong já é assim. Pro público consumidor, a imagem é tudo e por isso, moda e design são duas coisas extremamente importantes pra eles. Marcas estrangeiras são as mais fortes neste mercado de vestuário de luxo, uma vez que os consumidores tendem a favorecer aquelas que podem ser facilmente reconhecidas pelos outros, super-marcas têm uma forte espera. Algumas como Louis Vuitton, Chanel, Burberry e Gucci são os maiores vencedores e é quase impossível sair às ruas sem se deparar com alguma peça de várias delas.
Mesmo Hong Kong sendo mais forte no que diz respeito ao conhecimento de moda, é em Xangai que o poder de compra é maior. Os salários são os mais altos da China e aqui é até apelidada como a Paris do Oriente. Cada vez mais a cidade se torna uma “criadora” de tendências e tem-se investido em bolsas e programas educativos para maior profissionalização dos estudantes de moda.
A associação “China Fashion Designer”, criou essa bolsa a fim de apoiar grandes estilistas. Ela destina-se a descobrir jovens estilistas e designers e incentivá-los a ir para fora do país para obter inspiração. Ao longo dos últimos quatro anos, a bolsa patrocinou mais de 30 alunos que viajaram para algum lugar do mundo para reforçar suas carreiras.



Compras: É sabida a tamanha diferença nos preços dos produtos comprados na China. Isso de deve a dois grandes fatores. A moeda é desvalorizada, apesar de estar apresentando rápida recuperação. Um dólar vale 6.80 dólares de Hong Kong, ou 6,80 yuans no restante da China. Fora isso, eles não pagam impostos e não possuem leis rígidas para importação. Só este último fato já seria suficiente pro preço de um produto ser de 20% a 30% mais barato. Dependendo da categoria de luxo, pode chegar a 50% em Hong Kong, onde marcas de luxo criam especialmente para este mercado interno.
É possível fazer compras com uma diferença de preço que parece piada. Comprei em Hong Kong, um kit de maquiagem da Lancôme para dar de presente de Dias das Mães. Nele coloquei um batom, uma base líquida, um lápis de sobrancelha e ainda comprei um batom para mim. Numa compra dessas, gastaria no Brasil algo em torno de R$ 460 reais, no entanto, paguei R$170,00 e ainda ganhei um kit anti-idade que aqui, faria esses quatrocentos e sessenta se transformarem em mil reais.

Isso foi no Sogo, shopping famoso na China, que também existe em outros lugares, como Pequim. Em Hong Kong ele é um dos inúmeros shoppings subterrâneos da cidade. Os turistas que andam no meio da cidade, não imaginam que bem de baixo de seus pés existem muitos metros, talvez quilômetros de shoppings. Além de marcas de luxo famosas, existem várias outras locais, também de luxo. Não existe separação entre eles, que são conectados apenas por corredores.

Falsificado: Nas ruas de qualquer cidade da China, é comum se deparar com pelo menos um acessório de uma marca famosa a cada quarteirão. Mas está cada vez mais difícil reconhecer quando este acessório é verdadeiro, ou apenas mais uma das famosas falsificações daqui. Ainda existem aquelas óbvias, mas a melhora na qualidade é definitivamente indiscutível. Existem lojas especializadas em réplicas. Em Xangai existe até um shopping delas. Os responsáveis pelos falsificados têm percebido essa nova mudança do mercado e tem corrido atrás. E posso dizer, sem dúvidas, que estão muito bem.
Tive a oportunidade de ver isso bem claramente. Tive nas mãos uma bolsa da Prada, original, que custava mais ou menos R$ 660,00. Vi uma réplica desta mesma peça e o choque foi imenso. As duas eram idênticas. Tanto por fora, quanto por dentro. Esta custava R$226,00.
Com este exemplo, também dá pra ser perceber que, as falsificações estão cada vez mais perfeitas, mas o preço acompanha a evolução. Se for olhar pelo exemplo das bolsas, os preços estão bem próximos. É claro, um valor é quase um terço do outro, mas quem compraria uma réplica desse valor, se pode juntar mais um pouco e comprar uma original? Este é um sinal de que essa evolução dos “fakes” irá atingir diretamente o preço dos originais, que ficarão, sem dúvidas, mais caro em breve.
Enquanto isso não acontece, ainda dá tempo de aproveitar. Entre minhas caminhadas por Guangzhou (que não foram poucas) e minhas vasculhadas, achei uma loja com peças únicas de estilistas orientais e europeus famosos. A vontade era de levar tudo, mas praticamente estou levando a China embora comigo. Por conta disso, só pude comprar duas peças, mas que já valeram muito a pena. Uma blusa de algodão da francesa Lanvin, bordada, por R$120,00 e uma de seda pura estampada da marca Belga Dries Van Noten, por R$94,00. Mas já está mais do que maravilhoso!

Lição: Antes de sair comprando produtos falsificados, dê uma volta geral e entre sem medo em lojas de marcas que goste. Às vezes a surpresa pode ser boa, como foi a minha. Às vezes paga-se caro pela cópia, quando a original custa algo bem próximo e possível.


CHINESAS!
As chinesas são graciosas e super vaidosas. As produções parecem que foram minuciosamente pensadas. A maquiagem é basicamente a mesma. Bochechas bem rosadas, batom sem cor e rímel. Andei reparando a nova moda da sombra verde, que vi muitas vezes nas ruas.
As peles variam. A maioria das chinesas, ao contrário do que muitos pensam, têm uma pele bem manchada. Outras, branquinhas, que parecem pêssego e com cara de mais “abastecidas” financeiramente. Reparei isso desde o início, mas nada como uma boa vasculhada pra descobrir o segredo! Aqui na China é febre um produto que na tv, num canal de vendas, eles chamam de “Pure Cleanser”. Na verdade é um kit, que consiste em um esfoliante, uma máscara que retira as camadas mortas aos poucos, assim como manchas, pêlos e cravos, um tônico e um hidratante. Parece milagre na tv. E nas ruas também. O kit custa uma fortuna e marcas famosas de cosméticos já vendem estes mesmos produtos aqui como a Dior, Lancôme, Yves Saint Laurent, Clinique e Chanel. Confesso que comprei um pra experimentar, mais barato, claro, mas ainda não posso dar meu relato sobre os reais efeitos, já que comecei a passar há apenas dois dias.
Os cabelos passam longe do oriental escuro e liso. A maioria das chinesas tem feito de tudo em suas madeixas. O que mais se vê, são cabelos com permanente e desfiado atrás, da altura da nuca, até as pontas. As franjas continuam lisas. As que preferem permanecer com o liso natural, abusam das franjas e também aderem ao corte desfiado. As mais elegantes, usam franjão com um rabo de cavalo, ou coque, ou então cabelos soltos e muito bem cuidados e modelados com bobs. Mechas loiras e pinturas castanho avermelhado, também vi bastante.
A moda do vestuário chinês atual, está resumida em vestidos e saias, aliados em mil babados, rendas e pedraria, ou então com laços e lenços volumosos. Reparei em três estilos muito fortes nas ruas de Guangzhou e Hong Kong.





O primeiro
Consiste num estilo mais hippie chique despojado. Saias de tecidos volumosos em várias camadas, misturadas com blusas largas e compridas, jaquetas e um grande lenço no pescoço. Ou, então, vestidos largos e cheios de camadas, pontas soltas e sem bainha. Tudo sem marcação de cintura e, na maioria das vezes, de algodão e buclé.




O segundo
Num estilo mais feminino e chique. São vestidos de tecidos mais finos e fluidos, acinturados, com corte reto, às vezes em camadas de babados (mas sem volume), com padronagens delicadas.






O terceiro
É um executivo moderno. Camisas básicas, ou de babados no meio, com blaser com corte seco e acinturado, acompanhado de calça, bermuda, ou saia e o lenço no pescoço(sempre estampado) amarrado em formato de gravata.





O lenço entra em todos esses três estilos e em várias outras composições que vi nas ruas. Normalmente em tecidos fluidos, e sempre estampados.

Entre as mais jovens, também vemos o uso do lenço, mas o uso de gravatas com camisas pólo tem sido muito comum. Em algumas lojas, entrei e perguntei sobre moda adolescente e descobri que, entre elas, a marca mais vendida, amada e idolatrada é a americana “Emily The Strange”. Os preços são altos, podendo uma camiseta sem nada custar R$ 100,00. A marca é tão querida e vendida, que também já caiu no mercado de “réplicas”.




A vontade que dá, é a de ficar sentada num ponto estratégico, só observando, cada uma das produções. As chinesas possuem um imenso senso fashion e estão sempre muito bem arrumadas, delicadas, femininas. Até as menos dotadas desse modernismo conseguem ser agradáveis, com seus chinelos de borracha com flores gigantes, que aparecem a quilômetros de distância. Este é a febre no meio mais popular.

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