sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Comportamento

Os chineses têm lados opostos. São cordiais, super receptivos, mas ao mesmo tempo, encontramos alguns que parecem ter saído de outro lugar. Ainda bem que poucas vezes vivi a segunda parte. De ruim, apenas um taxista de me expulsou de dentro do carro semana passada e na primeira viagem, quando os policiais de um aeroporto “aproveitaram” que eu era estrangeira, mulher e sozinha, pra me dar um susto e me trancaram numa salinha à chave por meia hora. Nesse tempo eu pensei: “vou ser deportada?”, “vou virar comida?(sabe-se lá, chinês come de tudo)”, “presa?”... mas nada disso aconteceu. Assim que abriram a porta me devolveram o passaporte e só ouvi risadas com a frase “muito obrigado pela cooperação”. “Ok, foi um prazer”, deu vontade de dizer.
Bom, mas esses dois casos estão longe de caracterizar os chineses. Eles te cumprimentam, te ajudam, conversam com você, são curiosos. Esse último detalhe é o mais interessante. Posso dizer, com o perdão da piada, que vivi dias de “Britney” aqui. Em alguns lugares que passei, que eram muito pobres, as pessoas paravam e parecia que ficavam em estado de choque, me olhando. Já em restaurantes, as garçonetes não se acanhavam e vinham conversar comigo, às vezes até mesmo em chinês, mas a maioria queria era mesmo treinar o inglês. Três perguntas eram básicas e ouvia sempre: “De onde você é?”, “Qual o seu celular?” e “Podemos passear pra eu treinar meu inglês com você?”. Comentários particulares que alguns fizeram foi em relação ao meu cabelo cacheado: “é de verdade?”, ou ao tamanho dos meus olhos, bem grandes!
A cidade toda é tomada por motos. Elas estão em todos os lugares, na rua, calçadas. O mais interessante é ver as mulheres em cima das suas. As chinesas são super arrumadas e mesmo pra andarem de moto não abrem mão do salto alto, da saia e da bolsinha na mão.
Falando em moto, o trânsito aqui é uma coisa incrível. Pedestres, carros, bicicletas e carroças andam nas ruas ao mesmo tempo, misturados, bagunçados. Desde o principio me perguntei como nunca vi um atropelamento sequer. Os sinais existem, mas num cruzamento, por exemplo, o sinal abre para dois sentidos ao mesmo tempo e começa uma bagunça e buzinação desenfreada! É uma loucura.


Namoro/Amizade: O relacionamento entre chineses é bem diferente do que o dos brasileiros. Entre os jovens, amigos andam em bandos e as amigas de braços dados. Até os 17 anos, não se pensa em namoro. Isso começa acontecer entre os 18/19 anos. Quando conhecem alguém que gostam, passam mais tempo juntos e depois começam namorar, mas em casa. É assim por quase todo namoro. Nas ruas, a discrição é fundamental. Você sabe que está diante de um casal de namorados, quando vê duas pessoas de mãos dadas. Mas não espere ver beijos e abraços, isso não acontece.

Quando chegam perto dos 23/24 anos é hora deles começarem a se preparar para o casório. E aí, podem pensar em sexo. Antes disso, é totalmente incomum. Nunca vi um noivo, mas já tive o grande prazer de ver duas noivas lindíssimas. Uma de dourado, super luxuosa, em Wenling. A outra de pérola, menos exuberante, mas tão linda quanto. Os babados são muitos e a flores sempre vermelhas, presas por um broche. Os casamentos que vi foram realizados em hotéis e no final da cerimônia, todos os parentes se unem no restaurante do local, pra um grande jantar, sempre cheios de comidas diferentes (as melhores!!) muita falação e sorrisos de sobra!


** Participei de um jantar de aniversário de um chinesinho que fez um ano. O nome dele é Fhelippo, filho de uma chinesa muito querida, a Jennifer. (Bom, os nomes realmente podem causar algum estranhamento, mas aqui, pra cada nome Chinês existe um nome americano correspondente. Ainda bem, facilitam a nossa vida!). Cada restaurante possui um monte de mesas juntas, como em qualquer outro, mas também possui mesas em salas separadas, pra algum evento reservado, ou algo do tipo. No aniversário de Fhelippo foi assim. Estava a família, dois amigos e eu, apavorada, com medo de fazer feio! As comidas começaram a chegar em tigelas imensas. Nesses jantares comemorativos, eles pedem muita comida e as melhores. Não importa se existem poucas pessoas na mesa e muita comida! O importante é receber os amigos com o que há de melhor e celebrar com pompa a data especial. E foi especial mesmo. Pra eles, que estavam felizes, e pra mim, que fiquei lisonjeada com um convite desses e tive uma noite única.

Este bochechudo lindo é Fhelippo. Ao fundo é seu avô paterno, de vermelho é seu pai e a moça querida é sua mãe, Zhang, ou Jennifer!

Um comentário:

Igor Cunha disse...

é um mundo muito diferente do nosso, mas não por isso menos encantador.

adorei o detalhe do cruzamento, quando os semáforos abrem ao mesmo tempo.

bjo